quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Temporalidades

Enfim o tempo
Sem fim

O tempo de encarar o tempo
Da finidade das nossas vidas

O tempo de enfrentar
O ocaso da nossa existência

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Lembretes

Há alturas na vida em que nos sentimos meros instrumentos de uma coisa qualquer. Em que não conseguimos ver muito mais que o pequeno muro que surge de repente à nossa frente. Em que não descortinamos mais que o ruído feito cacofonia que nos cerca.

Há alturas na vida em que nos descobrimos meros instrumentos de um qualquer obreiro de coisa nenhuma. Em que não somos até capazes de um pensamento qualquer que nos deixe mais ou menos realizados.

Por isso, caros pares de caminhada, lembrai-vos que também é nestas alturas na vida que mais nos devemos sentir capazes de saber parar, escutar e ver. E esperar.

Porque amanhã é outro dia.

sábado, 26 de outubro de 2013

Tempus finalis

E quando o tempo certo chegou, a porta foi atravessada com a serenidade de quem se descobre livre e tranquilo.

Consigo próprio. Com os outros. 

sábado, 19 de outubro de 2013

Orationem

Os teus olhos sempre se revelaram
No meu olhar vivo e inquieto.
Visão aberta à descoberta do tempo.

A tua boca manifestou-se em silêncio
No meu sorriso franco e tranquilo.
Lábios que saboreiam a palavra tempo.

As tuas mãos abriram-se em prece
Na minha oração livre e perene.
Diálogos perdidos e encontrados no tempo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Coisas da vida

Fui hoje despedir-me da D. Isabel, mãe do meu amigo Toni, que partiu na viagem derradeira. Depois de um tempo em que conviveu connosco, a montanha chamou-a e ela lá foi. Tranquila e serena como tranquilos e serenos ali nos encontrámos todos.

Na verdade, este ano tem sido um ano de partidas várias na minha vida. O que me tem vindo a convencer que, afinal, a vida mais não é que um eterno partir. Mais do que chegar, um permanente partir.

E o curioso é que em vez de me perturbar, esta realidade cada vez mais a encontro até dentro de mim. Calma e serenamente. Ou, talvez melhor, com uma serena inquietação. A serena inquietação dos que querem continuar a acreditar na própria vida. Tão-somente.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Tempora…

Quando tudo nos parece pouco, do muito que queremos;
Quando tudo nos parece pequeno, do grande que pensamos enorme;
Quando tudo pensamos saber, do todo que desconhecemos;
Quando tudo julgamos sentir, do muito que nem sabemos;

Quase sempre apenas nos quedamos, inertes,
Descoloridos, mudos, surdos e insensíveis.

Porque temerosos e fracos, tementes apenas do vazio,
Calamos quase sempre, em nós, o grito pueril e fresco
De quem conhece bem o sabor das coisas da vida.

Por isso, de nós, apenas o silêncio de um ventre estéril.

domingo, 13 de outubro de 2013

Boas surpresas

O meu amigo Paulo ofereceu-me esta prenda:



Gostei deste novo trabalho da sua banda Shadowsphere. Não é bem o meu género, mas gostei. Para mim, não há música disto e daquilo: há música. E pronto!

E, se mais não fosse, o padrinho do meu neto apenas é um bom ser humano. É o que basta. Para que eu possa dizer que estou muito contente, orgulhoso e honrado por o David e a Cláudia o terem escolhido para "conselheiro e patrono" do Gui.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sentimentos partilhados

É nos momentos que sentimos menos brilhantes que às vezes nos surpreendemos.

As mais das vezes, é sempre melhor deixarmo-nos envolver pela luz suave e serena das coisas tranquilas da vida. Porque apenas da suave serenidade do ser poderemos saborear a vida em plenitude.

E, porque do ser desejamos ser, à nossa volta apenas o ser sentimos.

É mesmo bom podermos encontrar-nos. Connosco. Com os outros.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

D. Farisaica


Era conhecida lá na aldeia como a “língua inflamada”. Porque da sua boca apenas se ouviam impropérios e maledicências sobre uns e outros. Sobre todos, afinal.

E tanto mal disse, de tanta gente de toda a aldeia, que um dia, um dia qualquer, de um tempo que até era o dela, a aldeia como que se despediu e partiu. Cansada e farta de tanto e tanto ouvir.

E, assim, um dia, um dia qualquer de um momento qualquer, de um tempo que até também era o dela, ela, que tanto falava dos outros, como se de si não soubesse já, ali ficou, num espaço deserto que, um outro dia, tinha sido um espaço preenchido.

Mas não se ficou ali parada, sem resposta. Não. Não era pessoa de se deixar intimidar.

E, se ninguém havia já para as suas palavras, ali se ficou imponente e orgulhosa, dizendo de si própria o que de outros queria dizer.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Inquietações

Como seria bom poder
Responder a algumas questões
Que me perfuram a cabeça
E me põem inquieto
E inseguro.

Como seria bom poder
Falar palavras de certeza e rigor.
Poder entender o que sinto
E olhar o espelho
Sem vacilar.

Os passos que damos - e não damos
Não os definimos com clareza.
São como acasos que nos surpreendem.

Que ternurice...

Olha quem homenageia quem...

sábado, 5 de outubro de 2013

E Viva a República! (*)

Mesmo que tentem esconder a memória, 
Perdendo o realce nos dias festivos,
Mesmo que tentem fechar o que resta do sonho
Em quatro ou mais paredes,
Mesmo que tentem calar e ensurdecer ouvidos ainda novos,
Promovendo histórias de esquecimentos,
Cada vez se torna mais urgente
Erguer a voz e cantar a geração que é a nossa.

(*) Por enquanto ainda...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Canção de nostalgia



Chegaste.
Vieste com o teu sorriso cristalino
Trazendo-me um raio de Sol
Na noite que me acontecia.

Sentaste-te na mesa redonda
Onde escrevia as cartas de trabalho
Para alguém que não conheço.

Trouxeste o céu estrelado
Que se adivinhava nos teus cabelos
Loiros de ouro.

(… …)

Chegaste.
Trouxeste a primavera o arco-íris.
Inebriaste-me na dança que conhecia
E levaste-me ao centro da sala
Num remoinho de corpos suados.

Depois…
Partiste.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Tempus horribilis

Há momentos entre nós que mais não deveriam ser que oportunidades para nos reencontrarmos. Connosco próprios. Com os outros. Que nos rodeiam e respiram o mesmo ar que os nossos lábios.

Há alturas entre nós que obrigam a sabermos parar. Porque a pressa e a ansiedade - quiçá, o frenesim - foram e serão sempre adversos a uma boa conjugação do verbo ser. Também viver.

Por vezes, a diferença entre o que fica na boa memória e o que deixamos nos braços da 'gaena', mais não é que a distancia que liga a tolerância e a intolerância. 

Na verdade, as mais das vezes, é mesmo imperioso, vital, re-descobrirmos o valor dos valores. Os que transformam o ser humano em humano ser.